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O partidarismo no sistema de mídia e a percepção econômica partidária em pesquisa de Van Dalen

Por Naiza Comel*

O pesquisador Van Dalen busca no artigo Red Economy, Blue Economy: How Media-Party Parallelism Affects the Partisan Economic Perception Gap verificar percepções sobre a economia, levando em conta não somente as diferenças partidárias e o funcionamento das instituições políticas. O diferencial defendido no artigo é a análise de outra variável considerada importante: o grau de partidarismo no sistema de mídia.

Desta forma, o embasamento teórico do artigo apresenta contribuições importantes, principalmente em duas linhas: percepção partidária e posicionamento partidário da mídia. Sobre o primeiro, o levantamento realizado pelo pesquisador é conduzido de forma simples, o que permite o entendimento dos leitores não iniciados no tema. Sobre a percepção partidária, assim, seleciona-se alguns pontos que podem colaborar com pesquisas futuras:

− A percepção sobre a economia tem grandes efeitos sobre as eleições, podendo ser até maior do que a “economia real”;

− O partidarismo molda a percepção sobre a economia: pessoas que votaram na situação tendem a ver melhores resultados econômicos do que a oposição;

− “As pessoas que se sentem conectadas a um partido político interpretam o mundo ao seu redor de uma forma que coloca o partido com o qual se identificam em uma luz positiva” (DALEN, 2020, p. 3).

− A questão partidária não interfere apenas na interpretação das informações, mas também no acesso a elas.

Com relação ao posicionamento partidário da mídia, pode-se destacar:

− A relação mídia/partido costuma ser vista em editoriais e páginas de opinião, mas também afeta a cobertura (e, portanto, as notícias sobre economia e outras áreas). O pesquisador apresenta exemplos verificados em outras pesquisas, que podem ser uma boa referência.

− “Em sistemas de mídia onde o paralelismo midiático-partidário é alto e a cobertura econômica tem um viés partidário, os partidários estarão mais expostos a informações unilaterais que confirmam suas próprias percepções econômicas, enquanto podem evitar mais facilmente informações opostas” (DALEN, 2020, p. 5).

− “A inclinação partidária de um jornal pode afetar a atenção para os atores políticos, a atenção para suas questões preferidas e o grau de crítica desses atores” (DALEN, 2020, p. 6).

Metodologia e resultados

A partir dos debates realizados, o pesquisador propõe como hipótese: “Quanto maior o grau de paralelismo mídia-partido em um país, mais forte o efeito do partidarismo sobre as percepções econômicas”. Para verificá-la, realiza uma análise multinível de pesquisas representativas em 26 países europeus em 2014, tendo como variável dependente as percepções econômicas.

As variáveis independentes, por sua vez, compreenderam voto nas últimas eleições (se para situação ou oposição) e proximidade dos entrevistados com partidos políticos. Com relação aos meios de comunicação, as medidas envolvem o grau em que sua cobertura foi influenciada por partidos (European Media Systems Survey 2010) e a audiência destes meios.

O grande número de variáveis utilizadas nos testes está relacionado ainda, entre outros: à evolução econômica real, ao nível de desemprego, à taxa da inflação, ao índice de clareza institucional, à exposição a notícias, ao conhecimento e interesse por política.

Os resultados confirmam a hipótese formulada, demonstrando que a lacuna de percepção partidária é, de fato, maior em países com sistemas de mídia mais polarizados (após o controle de outras características relevantes do país).

REFERÊNCIA

Dalen, A. Van. Red Economy, Blue Economy: How Media-Party Parallelism Affects the Partisan Economic Perception Gap. The International Journal of Press/Politics, 2020. Disponível aqui.

* Naiza Comel é integrante do PONTE desde 2019, mestre e doutoranda pelo PPGCOM/UFPR. Jornalista, com especializações em Comunicação e Novas Tendências Midiáticas e em Gestão da Comunicação Empresarial.

As opiniões expressas pela(o)s autora(e)s pertencem a ela(e)s e não refletem necessariamente a opinião do Grupo de Pesquisa e nem de seus integrantes.

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